‘Meu cunhado sustentava o vício dele havia 10 anos’, desabafa familiar de caseiro morto em MG
Familiares da vítima, Agostinho de Assis, relatam convivência da vítima com o companheiro, principal suspeito do crime
Minas Gerais|Gabriela Neves*, do R7Minas

Após 15 dias de buscas, o desaparecimento do caseiro Agostinho de Assis, de 66 anos, teve um desfecho trágico em Jaboticatubas, na região metropolitana de Belo Horizonte. O corpo do homem foi encontrado enterrado em uma cova rasa, no quintal de uma casa em construção dentro do condomínio onde ele trabalhava há pelo menos dez anos. O principal suspeito do crime é o companheiro da vítima, que ainda não foi encontrado pela Polícia.
Agostinho foi encontrado morto por funcionários e vizinhos, que notaram odor forte, terra remexida e presença de moscas no local. A partir daí, o do condomínio foi comunicado e decidiu acionar a Polícia. Segundo os militares, a cova foi aberta de forma superficial e o corpo estava parcialmente coberto. O local pertencia a um morador que permitia que Agostinho dormisse lá quando saía tarde do trabalho.
As imagens do circuito interno do condomínio ajudaram a montar a cronologia do caso. No dia 14 de maio, o companheiro de Agostinho foi visto entrando no local por volta de 12h, carregando uma marmita. Saiu pouco tempo depois. A suspeita é que, até então, Agostinho ainda estivesse vivo.
Quatro dias depois, na madrugada de 18 de maio, o mesmo homem entrou no condomínio por volta das 4h40 da manhã e saiu algumas horas depois, por volta das 7h. Dessa vez, de botas, diferente dos chinelos usados na entrada. A suspeita é que ele tenha retornado para enterrar o corpo.
A família da vítima acredita que o crime tenha sido motivado por interesse financeiro. Segundo os parentes, o companheiro era usuário de drogas e teria sido sustentado por Agostinho por cerca de dez anos de relacionamento. “Meu cunhado sustentava o vício dele há dez anos. A gente acha que ele cansou, não quis mais bancar, e por isso foi morto”, afirmou a cunhada da vítima.
A casa de Agostinho, localizada em um bairro próximo, foi invadida e saqueada logo após o desaparecimento do homem. Objetos como televisão, micro-ondas, botijão de gás e outros eletrodomésticos sumiram. Vizinhos relataram que o suspeito foi visto tentando vender parte dos bens em um posto próximo.
Outro ponto que revoltou a família foi a demora nas investigações. O boletim de ocorrência foi registrado em Belo Horizonte, e a delegacia de Jaboticatubas, que estava sem delegado titular, não teria assumido o caso de imediato. A investigação foi depois transferida para Santa Luzia, outra cidade da Grande BH. “A gente ficou indo de uma delegacia para outra. Em BH diziam que já tinham mandado pra cá. Aqui diziam que não chegou. E a polícia nunca ligou para a gente. Ele teve tempo de fugir”, relatou Itamar, cunhado de Agostinho.
O corpo de Agostinho foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) de Belo Horizonte, mas a família enfrenta dificuldades para realizar o enterro. Isso porque o órgão exige documento original da vítima, que nasceu em Governador Valadares. O cartório informou que o envio pode demorar até 15 dias. ”Já reconhecemos o corpo. O perito confirmou, os irmãos também. Mas, não conseguimos enterrar por falta de documento. É sofrimento em cima de sofrimento”, desabafou uma familiar.
A Polícia Civil ainda não confirmou a causa da morte e aguarda laudos periciais. O suspeito segue sendo procurado. “A gente não tem dúvida que foi ele. Só queremos justiça. Que ele pague pelo que fez”, concluiu o irmão do idoso assassinado.
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