João Fonseca trilha caminho vitorioso de Guga no saibro e desponta em Roland Garros
Vitórias iniciais de Fonseca ecoam, em ritmo e significado, os os de Gustavo Kuerten em 1997
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Em 1997, Gustavo Kuerten chegou a Roland Garros como o número 66 do mundo, sem títulos de ATP e com uma única participação frustrada no torneio parisiense. Duas vitórias depois, estava no top 50 e começava uma das campanhas mais improváveis e gloriosas da história do tênis brasileiro. Vinte e oito anos depois, o jovem João Fonseca, de 18 anos, parece trilhar um caminho semelhante no mesmo palco.
Fonseca chegou ao Aberto da França de 2025 como o 65º do ranking e ainda em busca de afirmação no circuito profissional. Logo na estreia, surpreendeu o polonês Hubert Hurkacz com uma vitória incontestável por 3 sets a 0. A atuação de gala rendeu ao carioca sua melhor marca no ranking da ATP, assumindo a 57ª posição.
Se a estreia foi dominante, a segunda rodada cobrou mais resistência e controle emocional. Diante do francês Pierre-Hugues Herbert, um velho conhecido do circuito, Fonseca precisou de quase três horas para vencer novamente em sets diretos: 7/6(4), 7/6(4) e 6/4.
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Apesar do placar limpo, o jogo foi parelho. Herbert, atual 147º do mundo, usou bem as subidas à rede para pressionar o brasileiro, que só conseguiu abrir vantagem no fim do terceiro set.
As duas vitórias iniciais de Fonseca ecoam, em ritmo e significado, os os de Kuerten em 1997. Naquele ano, Guga começou o torneio vencendo o tcheco Slava Dosedel, número 73 do mundo, por 6/0, 7/5 e 6/4, em 1h35.
O brasileiro se beneficiou de uma lesão no ombro do adversário, mas aproveitou a chance com autoridade. A segunda rodada, contra o sueco Jonas Bjorkman (23º), seria mais desafiadora. Guga precisou de sete match-points para fechar a partida por 3 sets a 1 e, como Fonseca agora, garantir sua melhor campanha em um Slam.
Ao fim daquele torneio, Guga escreveria história ao se tornar campeão de Roland Garros, o primeiro brasileiro a vencer um Slam masculino em simples desde a Era Aberta. O feito transformou seu nome em sinônimo de saibro no Brasil.
Fonseca sabe disso. Após sua estreia, mencionou o ídolo como referência. “Ganhar minha primeira partida aqui já é um sonho. Mas o sonho maior é conquistar esse torneio — ainda mais sabendo que temos o Guga, que ganhou três vezes aqui e é um ídolo. Seria um sonho vencer aqui, com certeza”, disse o jovem.
Esta é a primeira vez que João Fonseca atinge a terceira rodada de um Grand Slam. No início do ano, ele surpreendeu no Australian Open ao furar o quali e eliminar Andrey Rublev, então nono do mundo, na primeira rodada. Porém, foi eliminado na segunda rodada para o italiano Lorenzo Sonego.
Agora, o brasileiro reencontra no sábado (31) o britânico J. Draper, atual quinto do mundo, pela terceira rodada de Roland Garros.
A primeira partida entre os dois ocorreu em março deste ano, quando Fonseca foi eliminado pelo britânico na segunda rodada do Masters 1000 de Indian Wells por 2 sets a 0, com parciais de 6/4 e 6/0.