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Conferência UNOC 2025 será novo chamado global pela saúde dos oceanos, e Brasil terá papel estratégico

A UNOC 2025 será uma conferência decisiva na encruzilhada entre a continuidade da degradação marinha e uma virada histórica rumo à...

The Conversation

The Conversation|Do R7

De 9 a 13 de junho de 2025, a cidade de Nice, na França, será palco da Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC), o principal evento internacional dedicado à conservação e ao uso sustentável dos oceanos.

Coorganizada pela França e Costa Rica, sob a coordenação das Nações Unidas, a conferência reunirá chefes de Estado, cientistas, formuladores de políticas públicas, organizações da sociedade civil e representantes do setor privado. O objetivo é acelerar compromissos concretos e integrar o oceano ao centro das decisões globais sobre clima, desenvolvimento e segurança planetária.

A UNOC não é apenas uma conferência: é um ponto de inflexão para definir se conseguiremos frear a degradação marinha ou se cruzaremos limites irreversíveis na saúde dos oceanos. Em um momento de intensificação das mudanças climáticas e de emergência ecológica global, este evento assume um caráter urgente e decisivo.

Oceanos: o sistema vital ainda negligenciado


Os oceanos regulam o clima global, absorvendo mais de 90% do calor excedente gerado pelas emissões de gases de efeito estufa e cerca de 30% do CO₂ atmosférico. Produzem aproximadamente 50% do oxigênio do planeta e sustentam mais de três bilhões de pessoas com alimentação, emprego, transporte e cultura. Mesmo assim, os oceanos seguem ameaçados por acidificação, aquecimento, perda de biodiversidade, sobrepesca e poluição — especialmente plástica.

Apesar de sua importância, o oceano historicamente esteve ausente dos grandes fóruns de tomada de decisão global. A UNOC busca justamente corrigir esse desequilíbrio e garantir que a proteção do oceano se torne prioridade política, social e econômica.


ODS 14: cuidar dos oceanos é cuidar do planeta

No centro das discussões da UNOC está a ODS 14 — Vida na Água, um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas. Essa meta busca conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos. Em termos práticos, isso significa:


● Reduzir a poluição marinha, especialmente por plásticos e nutrientes;

● Combater a acidificação dos oceanos;

● Regular a pesca e restaurar estoques pesqueiros;

● Proteger ecossistemas frágeis, como recifes de corais e manguezais;

● Ampliar áreas marinhas protegidas;

● Promover uma economia azul sustentável, inclusiva e resiliente.

A ODS 14 é o pilar da governança oceânica. Cumpri-la não é apenas um compromisso ambiental: é uma necessidade fundamental para garantir a habitabilidade do planeta e a estabilidade dos sistemas naturais e sociais.

Avanços das edições anteriores

As edições anteriores da UNOC — Nova York (2017) e Lisboa (2022) — deixaram legados importantes. Em 2017, a agenda oceânica ganhou visibilidade diplomática inédita, impulsionando o Tratado BBNJ (Biodiversidade Além das Jurisdições Nacionais) e a formalização de mais de 1.000 compromissos voluntários por governos e instituições.

A conferência de 2022 consolidou o papel da ciência como guia das decisões políticas. Foi também marcada pela ampliação do protagonismo da juventude, das comunidades tradicionais e da inovação tecnológica no enfrentamento dos desafios oceânicos. A expectativa para 2025 é que a conferência se torne um marco definitivo de integração entre conhecimento científico, decisão política e mobilização global.

O Brasil na UNOC 2025

Com uma das maiores zonas costeiras do planeta e grande parte de sua população concentrada no litoral, o Brasil tem um papel estratégico na governança oceânica internacional. O país reúne mega biodiversidade marinha, culturas costeiras tradicionais, intensa atividade pesqueira e um crescente interesse em energias renováveis offshore — além de enfrentar desafios sérios como erosão costeira e lixo marinho e sobrepesca,

Neste contexto, o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO) terá presença destacada na UNOC 2025. A delegação brasileira participará de encontros bilaterais com centros de excelência como o Ifremer (França) e o Mercator Ocean International, reforçando parcerias estratégicas em observação oceânica, modelagem climática e educação científica.

Estão previstos também memorandos de entendimento com instituições internacionais e a participação do INPO no segmento principal da conferência, levando contribuições técnicas e propostas baseadas na ciência.

O Brasil também se destaca por ter sido o primeiro país do mundo a incorporar a alfabetização oceânica no currículo escolar nacional, mostrando que a proteção do oceano começa pela educação.

Essa presença qualificada reforça o compromisso do país com a diplomacia científica, a cooperação internacional e o fortalecimento de uma diplomacia azul baseada em evidência, equidade e inovação.

A década decisiva para o oceano

A UNOC 2025 não será apenas mais uma conferência, mas um momento decisivo. Estamos numa encruzilhada entre continuidade da degradação marinha ou virada histórica rumo à regeneração do oceano.

Governos, cientistas, educadores, comunidades e setor privado precisam se mobilizar com um só propósito: colocar o oceano no centro da agenda global de desenvolvimento, clima e segurança. Porque proteger o oceano é proteger a vida. E o tempo para agir — é agora.

Segen Estefen não presta consultoria, trabalha, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa ou organização que poderia se beneficiar com a publicação deste artigo e não revelou nenhum vínculo relevante além de seu cargo acadêmico.

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