Japão importa arroz da Coreia do Sul em meio à crise do principal ingrediente da culinária do país
Temperaturas recordes e problemas logísticos do governo japonês prejudicaram a colheita de 2023
Internacional|Do R7

Pela primeira vez em 25 anos, o Japão importou arroz da Coreia do Sul, em meio a uma crise que elevou os preços do grão a níveis recordes e gerou insatisfação entre os consumidores. As primeiras remessas, que chegaram no mês ado, somam apenas duas toneladas, mas outras 20 devem ser enviadas nos próximos dias, segundo a emissora pública NHK.
O arroz japonês mais que dobrou de preço em relação ao ano ado, impulsionado por uma série de fatores como o calor extremo que afetou a safra de 2023, compras por pânico após alertas de desastres naturais e falhas na distribuição. Na semana encerrada em 6 de abril, o preço médio de 5 kg do grão chegou a ¥ 4.214 (cerca de R$ 172), o dobro do registrado no mesmo período de 2024.
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Tradicionalmente céticos quanto ao sabor do arroz importado, muitos japoneses começam agora a aceitar alternativas estrangeiras. A mudança de postura lembra o episódio de 1993, quando o país enfrentou um verão excepcionalmente frio e precisou importar arroz tailandês, rejeitado pelos consumidores à época.
Desta vez, porém, a escassez e os preços elevados vêm forçando uma reavaliação. O restaurante de Arata Hirano, em Tóquio, ou a servir arroz americano no ano ado. Apesar de o preço da variedade californiana também ter subido, ela ainda é mais barata que a japonesa. “Não recebemos uma reclamação sequer”, disse ao jornal The Guardian.
A situação levou o governo japonês a adotar uma medida rara: liberar parte de suas reservas de arroz para tentar conter os preços. Em março, foram colocadas à disposição 210 mil toneladas do grão estocado. No entanto, problemas logísticos impediram que a ação tivesse efeito.
Até o fim do mês, apenas 426 toneladas (ou 0,3% do total) chegaram às prateleiras. O Ministério da Agricultura culpou a escassez de veículos de entrega e o tempo necessário para preparar o arroz para consumo.
Com estoques esvaziados pela fraca colheita e o aumento do consumo impulsionado pelo turismo, o Japão vive um desequilíbrio inédito entre oferta e demanda. A crise também abre espaço para exportadores de outros países, como os Estados Unidos, e deve fazer com que as exportações sul-coreanas atinjam o maior volume desde 1990, segundo a agência Yonhap.
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