Coreia do Norte expande papel na guerra da Ucrânia e usa armas raras na linha de frente
Blogueiros russos sugerem que morteiros norte-coreanos de 60 mm, pouco documentados em conflitos, teriam sido enviados à Rússia
Internacional|Do R7

Morteiros de 60 mm supostamente fornecidos pelo regime de Kim Jong-un têm sido usados pela Rússia na guerra contra a Ucrânia, segundo o site norte-americano NK News, especializado em informações sobre a Coreia do Norte.
Imagens divulgadas por blogueiros pró-Rússia no Telegram mostram um dos armamentos, que carrega uma placa de identificação militar escrita em coreano e com o nome da República Popular Democrática da Coreia, o nome oficial da Coreia do Norte.
O símbolo de uma estrela vermelha com um círculo ao redor, presente na placa, é parte do emblema nacional da Coreia do Norte, frequentemente usado em equipamentos militares para denotar a origem.
Os blogueiros russos dizem que o morteiro norte-coreano estaria sendo utilizado por paraquedistas da 76ª Divisão de Assalto Aéreo de Guardas da Rússia, que participaram de operações de combate na região de Kursk, ao lado de tropas de Kim Jong-un.
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Segundo o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, morteiros de 60 mm são amplamente utilizados por forças de infantaria leve e unidades especiais devido à sua mobilidade e capacidade de operar em terrenos difíceis, como áreas montanhosas ou urbanas.
Um exemplo conhecido desse tipo de armamento é o morteiro M224 dos EUA, que pesa cerca de 17 kg e pode disparar munições de alto-explosivo, fumaça e iluminação com alcance de até 3,5 km.
No contexto da guerra da Ucrânia, os morteiros de 60 mm são considerados raros porque o exército russo tradicionalmente utiliza morteiros de calibres maiores, como 82 mm e 120 mm, que oferecem maior alcance e poder destrutivo.
De acordo com o IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos), o arsenal da Rússia prioriza sistemas padronizados de 82 mm, como o 2B14 Podnos, que são mais adequados para os terrenos abertos e pantanosos do leste da Ucrânia.
Além disso, embora morteiros de 60 mm sejam produzidos pela Coreia do Norte, a presença deles em conflitos internacionais é raramente documentada em comparação com outros sistemas, como os lança-foguetes múltiplos KN-09, amplamente exportados, segundo o SIPRI (Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo).
Apoio norte-coreano à Rússia
Um relatório divulgado recentemente pela MSMT (Equipe Multilateral de Monitoramento de Sanções), grupo formado por 11 países-membros da ONU (Organização das Nações Unidas), expôs o aprofundamento da cooperação militar entre a Coreia do Norte e a Rússia.
Segundo o documento, Pyongyang forneceu a Moscou uma grande quantidade de armamentos, mísseis e pessoal militar em troca de defesas aéreas avançadas.
Entre janeiro e dezembro de 2024, a Coreia do Norte entregou à Rússia pelo menos 100 mísseis balísticos usados para atacar cidades ucranianas, como Kiev e Zaporizhzhia, além de infraestrutura civil estratégica.
O arsenal inclui também munições de diversos calibres compatíveis com os sistemas russos. As estimativas dão conta de que as munições enviadas possibilitaram até 9 milhões de tiros, entre artilharia e foguetes.
As munições foram enviadas em mais de 20.000 contêineres desde setembro de 2023. Inicialmente, os carregamentos foram transportados por ferrovia. Mais tarde, por embarcações de bandeira russa.
Já os mísseis e os lançadores, bem como sistemas de guerra eletrônica, foram transportados por meio de cargas aéreas.
Inteligências ocidentais também estimam que a Coreia do Norte enviou à Ucrânia cerca de 11.000 soldados em outubro do ano ado e outros 3.000 entre janeiro e fevereiro deste ano.
Apesar de enfrentarem dificuldades com equipamentos obsoletos e pesadas baixas – estima-se que cerca de 5.000 soldados de Kim tenham sido mortos ou feridos em combate –, as unidades norte-coreanas teriam se adaptado às condições de combate.
A MSMT é formada por países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Japão e Alemanha que se dedicam a monitorar e investigar o cumprimento das sanções internacionais, especialmente aquelas impostas contra a Coreia do Norte.
O grupo foi criado em outubro de 2024, após a Rússia vetar a renovação do mandato do antigo de especialistas da ONU responsável por fiscalizar as violações das sanções contra Pyongyang.
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