Como a Ucrânia transformou um sistema de pontos em uma ferramenta eficaz de guerra
Modelo premia desempenho e acelera a descentralização militar na linha de frente
Internacional|Do R7

Na guerra da Ucrânia, eficiência virou sinônimo de poder de fogo. Desde o fim de 2024, unidades ucranianas que provam ter destruído alvos russos usando drones recebem pontos, que podem ser trocados por novos equipamentos. O sistema mudou a lógica da distribuição de armamentos, priorizando quem entrega resultados no campo de batalha.
Criado pelo Ministério da Transformação Digital, o programa se chama oficialmente “Bônus do Exército de Drones”. Ele funciona com base em provas em vídeo: a cada tanque destruído ou soldado inimigo abatido, a unidade acumula pontos. Quanto maior o impacto do ataque, mais pontos ela recebe. A tabela de recompensas é clara: seis pontos por eliminar um soldado russo; 20 pontos por danificar um tanque; 40 pontos por destruir um tanque e até 50 pontos por derrubar sistemas de foguetes móveis, dependendo do calibre.
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Com os pontos acumulados, os combatentes escolhem os drones que desejam, sejam eles FPVs, bombardeiros ou modelos mais especializados, sem depender de ordens centralizadas. O foco está em premiar quem mais prejudica o inimigo.
Mais eficácia, menos burocracia
O sistema rompe com o modelo tradicional de distribuição uniforme de equipamentos e favorece um formato descentralizado. Em vez de esperar por remessas do alto comando, as unidades de combate do front obtêm rapidamente os recursos de que precisam.
“Não é uma divisão de recursos, é um impulso a quem entrega resultado”, diz um oficial de uma brigada da linha de frente que viu sua capacidade de ataque se multiplicar com os bônus. “Antes não dávamos muita importância ao sistema, mas ele se provou essencial. Com mais drones, conseguimos planejar operações maiores e mais ousadas.”
Unidades pouco conhecidas também são beneficiadas. Dados obtidos pelo site United24 Media revelam que metade das 10 equipes mais letais de drones entre janeiro e fevereiro são praticamente anônimas. Elas causam milhões em perdas ao exército russo todos os meses, sem holofotes, mas com pontuação alta.
O sistema também revela quais tipos de drones têm melhor desempenho na prática. Isso ajuda o governo a fazer pedidos mais precisos às fabricantes, incentivar a produção nacional e fechar contratos de longo prazo, que são essenciais para manter o fornecimento constante em tempos de guerra.
O bônus de drones é apenas parte de uma estratégia mais ampla da Ucrânia para digitalizar o campo de batalha e ampliar a autonomia das tropas. Uma das principais inovações é o “Brave1 Market”, uma espécie de “Amazon militar” que reúne mais de mil produtos, de UAVs e robôs terrestres a sistemas de guerra eletrônica e munições guiadas por inteligência artificial.
O mercado dá aos soldados o direto aos equipamentos em que confiam, com base em sua experiência prática. Com seus próprios orçamentos, as unidades podem comprar o que precisam diretamente dos fabricantes, sem depender da burocracia central.
Em breve, os pontos acumulados no sistema de bônus poderão ser usados para adquirir qualquer item do Brave1 Market, um o a mais na descentralização da logística militar ucraniana.
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