‘Caça-comunistas’: assassinos de aluguel tinham fuzis de sniper, lança-rojão e minas magnéticas
Segundo documento recuperado pela PF, armamento estaria disponível para ‘missões’ do grupo
Cidades|Rafaela Soares, Clarissa Lemgruber, do R7, e Natália Martins, da RECORD, em Brasília

Um documento ligado ao grupo criminoso investigado por espionagem e assassinatos por “encomenda” mostra que a organização tinha uma série de armamentos disponíveis para cumprir as “missões”. Entre eles, estão fuzis de sniper — atiradores de elite —, lança-rojão, minas magnéticas, munição, além de veículos e placas frias.
Segundo as investigações, a organização criminosa chamada de “Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos” mantinha uma planilha com valores estipulados para espionar e matar autoridades. Por exemplo, a morte de um ministro do Judiciário poderia custar até R$ 250 mil.
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Por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), estão sendo cumpridos: cinco mandados de prisão preventiva, quatro mandados de monitoramento eletrônico, seis mandados de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. Além disso, são cumpridas medidas cautelares de recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato e saída do país, incluindo o recolhimento dos aporte.
Também há registros sobre o acionamento de dois drones, sugerindo uma estrutura articulada e voltada à prática de ações clandestinas e violentas.
A lista de materiais reunida pelo grupo revela o grau de militarização e o potencial letal de suas ações. Entre os itens citados no planejamento, estão:
- 5 fuzis de “snipper” [sic] com silenciador;
- 15 pistolas com silenciador;
- Munição;
- Lança-rojão tipo AT-34 de ombro;
- Minas magnéticas e explosivos com detonação remota;
- 2 fuzis lançadores de dardos (tipo captura de animais);
- 5 veículos modelo Doblô usados;
- 5 carros pequenos/médios usados;
- Placas frias.
Entenda a operação
Durante as investigações do assassinato do advogado Roberto Zampieri — ocorrido em 2023 —, a Polícia Federal descobriu a existência de uma organização criminosa ligada à espionagem e a assassinatos por encomenda, envolvendo militares da ativa e da reserva.
Segundo as autoridades locais, Zampieri foi morto em Cuiabá em decorrência de uma disputa por terras no estado. O principal suspeito de ser o mandante do crime, o fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo, teria desconfiado de uma possível aproximação entre o advogado e o desembargador responsável pelo caso.
Além dos cinco presos por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), foram cumpridos quatro mandados de monitoramento eletrônico e seis de busca e apreensão em Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais, além das medidas cautelares de recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato e saída do país, incluindo o recolhimento dos aporte.
O advogado representava a parte contrária ao suposto mandante na disputa judicial pelas terras. Segundo os investigadores, a família dos acusados estava em posse do terreno, no município de Paranatinga, a 411 km da capital do estado, há mais de 20 anos.
Conforme a polícia, o produtor rural decidiu executar o advogado quando percebeu que perderia a causa. Outras três pessoas foram indiciadas pelo crime, o executor, o intermediário e o financiador.
Relembre o caso
A Polícia Civil de Mato Grosso indiciou, em julho de 2024, um fazendeiro apontado como mandante do assassinato do advogado Roberto Zampieri. O crime ocorreu em dezembro de 2023 em Cuiabá. Segundo as investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, a motivação seria a disputa na Justiça por uma propriedade rural, avaliada em R$ 100 milhões.
Roberto Zampieri tinha 57 anos quando foi emboscado e morto a tiros em frente ao próprio escritório no bairro Bosque da Saúde, na capital mato-grossense, em 2023. A vítima foi atingida pelo menos dez vezes antes de descer do veículo que dirigia. Equipes de emergência chegaram a atender o advogado, mas ele não resistiu e morreu no local.
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