Senadores da base governista defendem Marina após bate-boca em comissão
Líderes e congressistas de partidos ligados ao governo criticaram forma de tratamento concedida no Senado
Brasília|Lis Cappi, do R7, em Brasília

Após repercussão do embate travado entre senadores e a ministra Marina Silva, que levaram ela a sair de uma audiência no Senado, congressistas da base governista se manifestaram em favor da titular do Meio Ambiente.
Uma série de colocações foram levadas ao plenário da Casa e destacaram solidariedade à Marina. As falas também criticaram a posição de outros senadores, conforme destacou o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP).
“A ministra, ressalvado quaisquer divergências que se tenha contra ela, deve merecer de todos nós o total respeito. Não é aceitável reiterados traços de misoginia e machismo. Não é aceitável na sociedade brasileira e não é aceitado sobretudo no parlamento”.
Randolfe também disse que a forma de condução deve ser afastada no país e principalmente dentro do Senado Federal. “O que não pode ser tolerado por nós nesse parlamento é a insistência do machismo e o atravessar da linha tênue do debate político para a agressão. E isso parece que é o que me ocorreu hoje.”
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que o episódio com a ministra foi “isolado”, e que não representa toda a situação dentro da comissão. “Externar a minha solidariedade à ministra Marina por esse episódio”, disse.
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A senadora Teresa Leitão (PT-PE) questionou a declaração feita contra Marina para que ela “se colocasse em seu lugar”. O destaque relembra uma declaração do presidente da Comissão de Infraestrutura, Marcos Rogério (PL-RO). (Entenda mais abaixo).
“Não é problema ser duro com uma mulher. O problema é ser desrespeitoso com uma ministra. E essa expressão usada é o suprassumo do machismo. ‘Volte para o seu lugar’. Que lugar? Quem é que sabe?”, disse.
Outros senadores da base governista, como o presidente do PT, Humberto Costa (PE), e Fabiano Contarato (PT-ES), também criticaram a condução dentro da comissão. Além do Senado, ministros do governo também criticaram as discussões.
A briga na comissão
A situação começou quando Marina e o senador Omar Aziz (PSD-AM) discutiam sobre obras da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, em debate marcado por interrupções.
O presidente da Comissão, Marcos Rogério (PL-RO), interferiu. E disse para que a ministra faça o debate em uma reunião dentro do governo, retomando a pauta da comissão.
Marina respondeu o senador com a seguinte colocação: “Fique tranquilo, é um governo de frente ampla, para enfrentar a ditadura com a qual o senhor não se importou.”
Na sequência, o senador retrucou afirmando que “essa é a educação da ministra Marina Silva. Ela aponta o dedo. Não vou me intimidar, não”. Marina rebateu a declaração: “O senhor gostaria é que eu fosse uma mulher submissa, eu não sou.”
A discussão escalou, com Rogério ironizando que Marina havia agido com sexismo e pedindo respeito. Marina, por sua vez, disse: “Eu tô lhe respeitando, o senhor é que tem que me tratar com educação”. Marcos Rogério retrucou: “Me respeite, se ponha no seu lugar.”
Momentos depois, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) pediu para fazer uma pergunta a Marina e retomou o bate-boca, ao afirmar que não a respeita como ministra, mas apenas “como mulher”. A situação levou a ministra a sair da comissão.
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