Sem Dutra no STF, testemunhas de Torres negam viés político da Segurança nas eleições de 2022
Prestaram depoimento Antonio Ramiro Lourenzo, ex-braço direito de Torres, e o tenente-coronel Rosivan Correia de Souza
Brasília|Gabriela Coelho e Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

O STF (Supremo Tribunal Federal) ouviu, na manhã desta quarta-feira (28), mais duas testemunhas no processo que investiga o ex-ministro da Justiça Anderson Torres por tentativa de golpe de Estado. As oitivas fazem parte da etapa final da instrução processual, voltada exclusivamente à defesa do ex-ministro, e seguem até sexta-feira (31), com um total previsto de 26 depoimentos indicados pelos advogados de Torres.
O nome mais aguardado desta quarta era o do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que comandava o Comando Militar do Planalto durante os ataques golpistas em 8 de janeiro. Dutra, no entanto, não compareceu. A defesa de Torres pediu ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, que o depoimento seja remarcado até a próxima segunda-feira (2), data-limite para a oitiva de testemunhas.
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No período da manhã, prestaram depoimento Antonio Ramiro Lourenzo, ex-chefe de gabinete e ex-secretário-executivo do Ministério da Justiça, e o tenente-coronel Rosivan Correia de Souza, ambos ligados à estrutura de segurança durante a gestão de Torres.
Lourenzo afirmou ao STF que a equipe do ministério chegou a discutir internamente a participação de Torres em uma transmissão ao vivo com Jair Bolsonaro que colocava em dúvida a segurança do sistema eleitoral. Segundo ele, o próprio ministro considerou não participar do evento, por receio de associação política.
“Eu tive participação direta nesse assunto”, declarou Lourenzo. “Não havia indícios de problemas, e a exposição do ministro nessa live nos preocupava bastante. A gente sabia que poderia haver uma leitura equivocada sobre o papel do Ministério da Justiça.”
Ele também contou que houve um esforço interno para preservar a pasta de uma imagem politizada. “A gente conversava sobre como evitar qualquer viés político. Era uma preocupação constante da equipe.”
Já o tenente-coronel Rosivan Correia de Souza confirmou que participou de uma reunião no dia 6 de janeiro de 2023, dois dias antes dos ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília. Segundo ele, o encontro envolveu diferentes órgãos de segurança pública, mas ele não soube precisar quem exatamente participou.
“Eu participei, sim, de uma reunião na sexta-feira, dia 6. Agora eu não vou lembrar de todos que participaram. Tiveram várias IOASES [instituições], todas as forças e agências participaram dessa reunião”, afirmou.
Ele disse que, naquele momento, as informações disponíveis eram escassas. “A verdade é que as informações que a gente tinha eram as que estavam nas redes de alerta. Tinha poucas informações em relação às manifestações que poderiam acontecer.”
Rosivan também foi questionado sobre o o dos manifestantes à Praça dos Três Poderes. Ele respondeu que o padrão de planejamento costumava permitir o à área em eventos de natureza semelhante. “A verdade é que sempre, em todos os eventos dessa natureza, a gente previa o maior o à Praça dos Três Poderes”, afirmou.
As audiências prosseguem nesta tarde com mais depoimentos de testemunhas ligadas à segurança pública durante o período das eleições e da transição de governo.
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