Paliativo não resolve alta dos alimentos, diz Motta sobre sugestão de Lula a itens caros
O presidente da Câmara defende corte de gastos como solução do problema
Brasília|Bruna Lima e Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) afirmou nesta sexta-feira (7) que a alta dos alimentos não será resolvida com uma medida pontual e paliativa, mas com uma solução estruturante, como uma revisão de gastos públicos. Segundo o deputado, “não vai ser paliativo que vai resolver o problema de se reduzir o preço”. A fala ocorre um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugerir que as pessoas deixem de comprar os produtos que estão caros como forma de forçar uma redução.
Motta disse que tem visto, por parte de Lula e da equipe econômica, esforço em busca de solução, mas ponderou que o caminho “não a por decisões simples, fáceis”. “a por uma política de enfrentamento da questão fiscal do país. [...] Medidas superficiais não trazem constância e estabilidade de médio e longo prazo”, disse, defendendo uma revisão de gastos na busca de solução definitiva. A fala foi dada a jornalistas, na Paraíba.
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Imposto
Mais tarde, em entrevista à rádio Arapuan, o presidente da Câmara afirmou que “sentia um clima de resistência” em pautas que tratem de aumentos de impostos. Na visão de Motta, o foco deveria ser em assuntos que revejam o gasto público. Segundo o parlamentar, o crescimento do Brasil é pautado no consumo, sem uma sustentabilidade segura.
“Há um clima que não dá mais para votar só projeto que aumente a arrecadação. Não dá mais para itir projetos que elevem a taxação dos impostos que nós já temos. Nós vamos ter um relacionamento muito bom com o Ministério da Fazenda, uma postura colaborativa. Eu não criarei obstáculos que não existem [...], e eu espero que o governo se conscientize que, para corrigir os rumos da economia, é preciso rever gasto público”, completou.
Executivo
Na última quinta-feira (6), Lula sugeriu que as pessoas deixem de comprar os alimentos que estão caros como forma de forçar os produtos a terem redução de preço. O custo da comida tem preocupado o petista, mas, por enquanto, o governo federal não apresentou nenhuma medida para conter a alta — embora o Executivo estude algumas iniciativas para frear o aumento, como a redução da alíquota de importação de alguns itens. O presidente argumentou, ainda, que não é porque a massa salarial e o salário mínimo cresceram, que os vendedores podem encarecer os produtos.
“Uma das coisas mais importantes para que a gente possa controlar o preço é o próprio povo. Se você vai no supermercado e você desconfia que tal produto está caro, você não compra. Ora, se todo mundo tiver essa consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar”, declarou Lula em entrevista a rádios baianas.
Pedido de anistia
O PL (Partido Liberal) espera votar o projeto de lei que anistia os presos pelos atos extremistas do 8 de janeiro de 2023 diretamente no plenário da Câmara dos Deputados. Apesar disso, o texto tramita, atualmente, em uma comissão especial na Casa após ser tirado da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) por parte do ex-presidente Arthur Lira (PP-AL) no fim de outubro de 2024.
Nesta sexta, Motta afirmou que o tema, por ser complexo, deve ser analisado com cautela. Segundo ele, o ex-presidente Jair Bolsonaro havia solicitado que fosse analisada a anistia para pessoas que participaram da tentativa de golpe, além de pedir para que Motta não atrapalhasse um possível discussão sobre o tema no Plenário.
“Será um tema que nós vamos analisando, vamos digerindo, conversando, porque o diálogo tem que ser constante. Nós temos muita tranquilidade, é um tema complexo, é um tema que causa tensão. Nós vamos conduzir isso com responsabilidade, ouvindo a todos, vamos conversar com o poder judiciário, para que, se possível, se encontre uma saída”, disse.