Estado de saúde de Lula: saiba detalhes da hemorragia intracraniana e da cirurgia
De acordo com o médico Roberto Kalil Filho, o petista voltou do procedimento cirúrgico ‘praticamente acordado’
Brasília|Rafaela Soares e Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou por uma cirurgia de emergência na madrugada desta terça-feira (10) após ser diagnosticado com hemorragia intracraniana, uma condição séria que ocorre quando há sangramento dentro do cérebro ou entre suas membranas protetoras — este último foi o caso de Lula, segundo a equipe médica.
A hemorragia foi detectada depois que Lula sentiu dores de cabeça em Brasília, levando-o a realizar exames de imagem, que confirmaram a condição. O presidente foi transferido de imediato para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde foi submetido a uma trepanação para drenagem do hematoma.
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Entenda o que é hemorragia intracraniana
A hemorragia intracraniana é o sangramento dentro do cérebro, que pode ser causado por diversos fatores, como traumas, hipertensão, aneurismas rompidos ou outras condições médicas. De acordo com o médico Fabiano de Abreu Agrela, pós-doutor em neurociências, esse tipo de sangramento pode causar um aumento na pressão dentro do crânio, o que, por sua vez, pode prejudicar os tecidos cerebrais e afetar funções neurológicas importantes.
“Os sintomas mais comuns incluem dor de cabeça súbita, confusão, náuseas, convulsões e perda de consciência, mas cada caso pode apresentar uma gravidade distinta”, explica o especialista.
O médico explicou que o tratamento da hemorragia intracraniana depende da causa, da gravidade e dos sintomas do paciente. Em casos mais severos, pode ser necessário realizar uma cirurgia para remover o sangue acumulado e aliviar a pressão no cérebro.
Em relação a Lula, a equipe médica ressaltou que o presidente não teve sequelas neurológicas porque o hematoma, uma espécie de “cápsula" estava localizado fora do cérebro.
Entenda a cirurgia realizada
De acordo com o médico Roberto Kalil Filho, o petista voltou do procedimento cirúrgico “praticamente acordado” e “conversando normalmente”. Não há, por enquanto, data de alta médica, mas a equipe fala em retorno a Brasília no início da próxima semana. Os profissionais clínicos destacam, ainda, que não há lesões cerebrais.
“O presidente foi submetido a uma cirurgia para drenagem do hematoma do sangramento no cérebro. O presidente evoluiu bem, já chegou da cirurgia praticamente acordado e encontra-se estável, conversando normalmente, se alimentando e está em observação pelos próximos dias”, disse Kalil. “O importante é que ele não teve lesão no cérebro”, acrescentou.
O procedimento realizado se chama trepanação, uma técnica neurocirúrgica que consiste em uma pequena perfuração no crânio, por onde é inserido um único dreno para drenagem do hematoma.
O neurocirurgião Mauro Suzuki explica que a trepanação é um procedimento relativamente padrão e não envolve uma “violação importante do crânio".
Ele descreve: “É uma perfuração pequena, feita por onde se introduz um dreno. Não é uma abertura ampla, e geralmente a cicatrização ocorre de forma espontânea, sem a necessidade de uma nova intervenção para o fechamento.”
O caso de Lula
No caso do presidente Lula, a hemorragia intracraniana é resultado de uma queda que ele sofreu no dia 19 de outubro, quando bateu a região da nuca durante um acidente doméstico. Na ocasião, ele foi atendido rapidamente, fez exames de imagem e recebeu alta após cerca de uma hora. Apesar do ocorrido, o presidente considerou o acidente “grave, mas sem afetar nenhuma parte mais delicada”.
Após a queda, Lula seguiu o tratamento médico recomendado, o que incluiu o cancelamento de viagens e compromissos internacionais, como a reunião de cúpula do Brics na Rússia.