Bancada Feminina repudia confusão com Marina; presidente diz que não vai convocar ministra
Ministra deixou sessão em comissão do Senado após diversas interrupções e ofensas
Brasília|Rute Moraes, do R7, em Brasília

A presidente da Bancada Feminina do Senado, Leila do Vôlei (PDT-DF), emitiu, nesta terça-feira (27), uma nota em repúdio ao bate-boca entre os senadores e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na Comissão de Infraestrutura do Senado. No documento, o grupo manifesta solidariedade à Marina.
“A Bancada Feminina do Senado Federal vem a público manifestar solidariedade à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e repúdio aos ataques misóginos e sexistas a ela dirigidos durante audiência pública da Comissão de Infraestrutura”, informou em nota a bancada.
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Nesta manhã, a ministra deixou a sessão da comissão após diversas interrupções e ofensas. Ela recebeu solidariedade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da primeira-dama, Janja da Silva, da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e de líderes do governo no Parlamento.
“A ministra foi interrompida de forma desrespeitos a diversas vezes, teve o microfone cortado e foi impedida de exercer seu direito de resposta a afirmações feitas a seu respeito. Houve uma clara violação do Regimento Interno do Senado Federal, que assegura o direito à tréplica. Ficou evidente que, naquela sessão, a última palavra precisava ser a de um homem”, prosseguiu a nota.
A bancada alegou ainda que é “inissível” que um parlamentar diga a uma mulher que ela “deve se colocar no seu lugar”, pois a frase é “carregada de machismo estrutural”.
Além disso, que o episódio não é isolado, mas mais uma “expressão da violência de gênero”.
Após a divulgação da nota, Leila usou a tribuna do Senado para reforçar as críticas ao episódio e ressaltou que, apesar de alguns senadores levantarem a possibilidade de convocar a ministra para comparecer a alguma comissão do Senado, ela vai se opor. “Não vai ter convocação da ministra”, disse.
Entenda
A situação começou quando Marina e o senador Omar Aziz (PSD-AM) discutiam sobre obras da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, em debate marcado por interrupções.
O presidente da Comissão, Marcos Rogério (PL-RO), interferiu. E disse para que a ministra faça o debate em uma reunião dentro do governo, retomando a pauta da comissão.
Marina respondeu o senador com a seguinte colocação: “Fique tranquilo, é um governo de frente ampla, para enfrentar a ditadura com a qual o senhor não se importou.”
Na sequência, o senador retrucou afirmando que “essa é a educação da ministra Marina Silva. Ela aponta o dedo. Não vou me intimidar, não”. Marina rebateu a declaração: “O senhor gostaria é que eu fosse uma mulher submissa, eu não sou.”
A discussão escalou, com Rogério ironizando que Marina havia agido com sexismo e pedindo respeito. Marina, por sua vez, disse: “Eu tô lhe respeitando, o senhor é que tem que me tratar com educação”. Marcos Rogério retrucou: “Me respeite, se ponha no seu lugar.”
Momentos depois, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) pediu para fazer uma pergunta a Marina e retomou o bate-boca, ao afirmar que não a respeita como ministra, mas apenas “como mulher”. A situação levou a ministra a sair da comissão.
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